Observatório do Rio Utinga

Soberania Hídrica Popular: Cuidar das Águas é Defender os Territórios

Neste Dia Mundial da Água, reafirmamos um princípio que nos move: sem soberania hídrica, não há justiça social. Falar de soberania hídrica popular é falar do direito dos povos a decidir sobre suas águas, suas fontes e seus rios. É falar de autonomia, de gestão comunitária, de cuidado coletivo e de resistência frente às crescentes ameaças da privatização e da destruição dos bens comuns. FFoi com esse compromisso que estivemos presentes, no último dia 21 de março, em Salvador, no Grito da Água. Ao lado de diversos movimentos sociais e populares, somamos nossas vozes para denunciar as injustiças hídricas que afetam tantas comunidades pelo Brasil. Seguimos afirmando, com convicção e urgência: a água é um direito, não uma mercadoria. Nenhuma empresa ou governo pode dispor desse recurso sem considerar a vida das populações que dependem dele, sem respeitar os territórios tradicionais e sem garantir que a gestão da água priorize o bem-estar coletivo, e não o lucro de poucos. Nas margens do Rio Utinga, esse desafio se materializa de forma evidente. O Rio Utinga não é apenas um curso d’água: é uma fonte de sustento, de cultura e de memória para inúmeras comunidades que vivem em seu entorno. É ele que irriga as lavouras, que abastece as casas, que nutre a biodiversidade e fortalece os modos de vida locais. No entanto, como tantos outros rios do país, o Rio Utinga enfrenta cotidianamente os impactos do uso predatório, e da falta de políticas públicas eficazes que garantam o direito à água para quem realmente precisa. Enquanto poucos exploram os recursos hídricos para fins comerciais, muitos sofrem com a escassez, a degradação e a insegurança hídrica. Mas onde há ameaça, há também resistência. E é nos territórios, com as populações que cuidam da água todos os dias, que encontramos as verdadeiras soluções para enfrentar essa crise. São as comunidades ribeirinhas, os pequenos agricultores, os povos indígenas e quilombolas, os movimentos sociais e ambientais que têm construído alternativas concretas para garantir a preservação dos rios e aquíferos. São essas vozes, historicamente silenciadas, que precisam ser ouvidas e fortalecidas. Por isso, seguimos firmes ao lado dos movimentos e organizações que lutam pela soberania hídrica popular. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa das águas e dos territórios, com a construção de políticas públicas que garantam o acesso justo e equitativo à água, e com o fortalecimento das redes de resistência que enfrentam os interesses daqueles que veem a água apenas como um bem econômico.

Guardiãs das Águas: A Luta das Mulheres pela Soberania Hídrica

Por Joseane de Jesus¹, Sabrina Vaz² e Nathalia Nunes³ A conservação dos recursos hídricos esteve atrelada a lutas intensas ao longo da história. Essa resistência se manifesta tanto por meio de pautas locais quanto pela inclusão da voz feminina nas discussões, refletindo a força ancestral das mulheres e sua busca contínua por sabedoria. No dia 8 de março, quando celebramos a luta das mulheres por dignidade, direitos e justiça, também honramos essa força ancestral que as impulsiona. Essa conexão sagrada reflete-se na luta histórica pela conservação dos recursos hídricos, onde as mulheres desempenham um papel fundamental, seja na criação de políticas públicas, seja na resistência em pautas locais. Assim, reafirmamos a presença feminina como essencial na defesa do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável e igualitário. Essa realidade se evidencia em territórios como o Rio Utinga, onde a atuação feminina é central na luta pelos direitos fundamentais da comunidade. As mulheres têm um papel essencial na conservação do meio ambiente, na transmissão de saberes tradicionais e na busca por maior representação em decisões político-ambientais. Sua atuação fortalece a comunidade ao longo das gerações, garantindo a preservação dos recursos naturais e a continuidade dos modos de vida tradicionais. As comunidades ao redor do Rio Utinga, localizado na Chapada Diamantina, Bahia, são compostas por diversos grupos, incluindo indígenas, quilombolas e pequenos agricultores familiares. As mulheres dessas comunidades estão na linha de frente da preservação ambiental e da defesa de seus direitos, enfrentando desafios crescentes. A expansão das monoculturas de banana na região tem impactado diretamente a vazão do Rio Utinga e, consequentemente, a disponibilidade de água para as famílias ribeirinhas. Diante dessas problemáticas, a presença feminina se destaca não apenas nas páginas dos jornais locais, mas também na resistência ativa contra a degradação ambiental. Figuras como Edilene Payayá, coordenadora-geral do Movimento Associativo Indígena Payayá (MAIP) e integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu (CBHP), são exemplos dessa resistência. Edilene atua na defesa dos direitos indígenas e na preservação dos recursos hídricos, promovendo ações de reflorestamento e conservação da vegetação nativa na região de Utinga, enfatizando a importância de conservar a natureza pensando nas gerações futuras. Outra liderança fundamental é Luciana Kariri, conselheira do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, que exemplifica a importância dessas mulheres como agentes transformadoras em seus territórios. Além disso, organizações como a Associação de Mulheres da Lagoa Bonita colaboram com o Observatório do Rio Utinga em iniciativas de preservação ambiental e fortalecimento das comunidades locais. Essas mulheres estão envolvidas em atividades de pesquisa, monitoramento de políticas públicas e promoção da justiça socioambiental, visando à conservação do rio e ao bem-estar das populações que dele dependem. A luta dessas mulheres está intrinsecamente ligada a uma força ancestral que as impulsiona. No candomblé, essa força é representada pelas Yabás – orixás femininas que simbolizam poder, resistência e sabedoria. Além de guerreiras, mães e cuidadoras, as Yabás também guardam a natureza, especialmente as águas, essenciais para a vida e para a manutenção do planeta. Oxum, senhora das águas doces, dos rios e da fertilidade, ensina que preservar os rios é preservar a própria vida. No Brasil, mulheres indígenas, quilombolas e periféricas lideram importantes movimentos contra a destruição dos rios e dos territórios. Assim como Oxum, elas compreendem que, sem água, não há vida; e, sem vida, não há futuro. Nanã, orixá da lama e dos pântanos, nos lembra da sabedoria ancestral e da necessidade de respeitar os ciclos da natureza. Assim como as mulheres carregam dentro de si o conhecimento transmitido por suas mais velhas, os rios carregam a memória da terra, sendo testemunhas da história e fonte de sustento para muitas comunidades. O descaso com as águas, poluindo e destruindo nascentes, reflete a mesma lógica de exploração e negligência que atinge as mulheres, especialmente aquelas que dependem diretamente desses recursos. Iansã, com seus ventos e tempestades, representa a força das mulheres que não se calam diante das injustiças. Seu poder nos lembra que a natureza responde aos excessos da humanidade e que, sem respeito e equilíbrio, sofremos as consequências da destruição ambiental. A luta das mulheres por direitos está diretamente ligada à luta pela sustentabilidade, pois são elas que, em muitos lugares do mundo, enfrentam os impactos da crise climática, da falta de saneamento e do acesso desigual à água. Neste 8 de março, precisamos honrar a força das Yabás e reconhecer que a luta das mulheres é também a luta pela preservação da natureza. Quando protegemos os rios, estamos protegendo a vida, quando fortalecemos as mulheres, estamos garantindo um futuro sustentável. Que a energia de Oxum nos ensine a cuidar das águas, que a sabedoria de Nanã nos lembre da importância da ancestralidade e que os ventos de Iansã nos dêem coragem para seguir resistindo. ¹ Joseane de Jesus é Mulher Negra, Bacharelanda Interdisciplinar em Humanidades, Assessora de Operações da Pacová, Pesquisadora do Observatório do Rio Utinga e Educadora Popular. Ativista pelo direito das mulheres negras e pela justiça socioambiental e mãe de Dandara.² Sabrina Vaz é estudante de Biologia, pesquisadora no Observatório do Rio Utinga e ativista dedicada à dignidade menstrual e à conservação do meio ambiente.³ Nathalia Nunes é bacharel em Gestão Ambiental, pesquisadora no Observatório do Rio Utinga e se especializando em participação social e justiça socioambiental

Lançamento da Cartilha “A Importância do Rio Utinga e Sua Ictiofauna”

O Observatório do Rio Utinga, com o apoio da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade, tem o prazer de lançar a cartilha “A Importância do Rio Utinga e Sua Ictiofauna”. Este material é fruto de um minucioso trabalho de pesquisa que visa destacar a relevância da ictiofauna (fauna aquática) do Rio Utinga e o papel crucial que os peixes desempenham não apenas no equilíbrio ecológico, mas também na vida, na cultura e na subsistência das comunidades ribeirinhas que dependem deste recurso natural para sua alimentação e identidade cultural. O Rio Utinga é um dos principais corpos d’água da região, sendo essencial não apenas para a biodiversidade local, mas também para a sobrevivência das populações. A diversidade de peixes no rio representa um patrimônio natural e cultural que, ao longo do tempo, tem sido ameaçado por práticas de exploração predatória e os impactos das mudanças climáticas. Esta cartilha busca conscientizar sobre esses riscos e sobre a importância de ações para sua conservação. Com este lançamento, o Observatório do Rio Utinga propõe uma reflexão sobre a necessidade urgente de envolver as comunidades no cuidado e preservação da fauna aquática, promovendo o debate sobre políticas públicas que integrem as demandas socioambientais e a proteção dos recursos naturais. O evento será uma oportunidade única para discutir como a saúde do Rio Utinga e sua rica ictiofauna estão diretamente ligadas ao bem-estar das populações locais. A cartilha é uma ferramenta de mobilização das comunidades, movimentos sociais e demais atores sociais em ações de preservação do Rio Utinga e sua fauna aquática. Baixe agora clicando aqui.

Observatório do Rio Utinga lança cartilha sobre o rio e sua importância para comunidades e ecossistemas locais

O Observatório do Rio Utinga, iniciativa voltada ao monitoramento socioambiental e à defesa das águas, convida para o lançamento da Cartilha 2 – A Importância do Rio Utinga e sua Ictiofauna. O evento acontece no dia 21 de fevereiro, às 18h, via Google Meet e trará reflexões sobre a biodiversidade do rio e seu papel essencial para as comunidades que dele dependem. O material apresenta um panorama sobre a ictiofauna do Rio Utinga, destacando as espécies nativas e os impactos ambientais que ameaçam esse ecossistema. Além disso, a cartilha aborda a relação entre biodiversidade e os modos de vida das populações locais, que há gerações convivem e dependem do rio para sua subsistência, cultura e identidade. O Observatório do Rio Utinga se dedica a monitorar e divulgar informações sobre as condições do rio e os desafios enfrentados pelas comunidades ribeirinhas. Seu trabalho fortalece soluções climáticas locais, promovendo a defesa dos territórios e o acesso equitativo aos recursos hídricos. A preservação do rio não é apenas uma questão ambiental, mas também social, pois está diretamente ligada à segurança alimentar, à economia local e ao direito à água como bem comum. Lançamento: 21 de fevereiro, às 18hPlataforma: Google MeetInscrições: https://bit.ly/lancamento-cartilha-observatorio O evento contará com a presença dos autores e pesquisadores: Evander Penchel – Pesquisador do Observatório do Rio Utinga e autor da cartilhaJoseane de Jesus – Pesquisadora do Observatório e coautora da apresentaçãoDavid Levy – Coordenador da Pacová e coautor da apresentaçãoCláudio Dourado – Representante da Comissão Pastoral da Terra Bahia A cartilha estará disponível gratuitamente para download no site da Pacová e do Observatório do Rio Utinga. Participe do lançamento e fortaleça a luta por justiça hídrica e climática!

Lançamento da Cartilha “Panorama Geral do Rio Utinga”

A Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade, por meio do Observatório do Rio Utinga, tem o prazer de lançar a cartilha “Panorama Geral do Rio Utinga”. Este material é resultado de um profundo trabalho de pesquisa, que busca fornecer uma visão abrangente sobre os principais desafios socioambientais enfrentados pelo rio e pelas comunidades que dependem de seus recursos. O Rio Utinga é um dos elementos mais importantes da bacia hidrográfica local, desempenhando um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e na subsistência das populações tradicionais da região. No entanto, o uso desenfreado de seus recursos e a monocultura têm gerado impactos severos tanto na qualidade da água quanto no equilíbrio ambiental, ameaçando os meios de vida das comunidades circundantes. A cartilha foi desenvolvida para servir como uma ferramenta de conscientização e mobilização. Entre os temas abordados estão os conflitos e um panorama ambiental do rio. Além de apresentar um panorama completo sobre o Rio Utinga, a cartilha também destaca a importância de envolver as comunidades locais em ações de preservação e gestão sustentável. Ao propor soluções integradas que respeitem os saberes tradicionais e promovam a sustentabilidade, o material visa fomentar o debate e a busca por políticas públicas mais efetivas para a proteção deste ecossistema. A cartilha é um convite à reflexão sobre a urgência de ações para proteger o Rio Utinga e suas comunidades. Esperamos que este material inspire iniciativas de preservação, contribuindo para um futuro mais sustentável e justo para a região. Baixe agora clicando aqui.

Observatório do Rio Utinga Participa do Mês da Filantropia que Transforma com Atividade sobre Soluções Climáticas Locais

O Observatório do Rio Utinga, a partir da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade, tem o prazer de anunciar sua participação no Mês da Filantropia que Transforma promovido pela Rede Comuá. Este evento é uma oportunidade para debater, visibilizar e fomentar as práticas da Filantropia Comunitária e de Justiça Socioambiental, evidenciando sua contribuição para a transformação social, o acesso a direitos e o fortalecimento da sociedade civil e da democracia. Neste ano, o foco do Mês da Filantropia será em soluções climáticas locais desenvolvidas por e com movimentos, coletivos, organizações e comunidades em diversos territórios. Também será abordado o papel das organizações independentes doadoras na implementação dessas soluções, com o entendimento de que a mudança climática é transversal às agendas da filantropia comunitária e de justiça socioambiental. A Pacová realizará a atividade “Monitoramento Climático Local: O Papel do Observatório do Rio Utinga” no dia 16 de setembro, das 18h30 às 20h30, em um encontro online pelo Zoom. Durante esta apresentação interativa, será demonstrado como o Observatório do Rio Utinga contribui para a resiliência climática local e global através de suas pesquisas e publicações. O objetivo é ressaltar a importância das soluções climáticas locais e o papel da filantropia no apoio a iniciativas que promovem a sustentabilidade e a adaptação às mudanças climáticas. O evento é aberto ao público e as inscrições podem ser feitas através do link: Inscreva-se aqui. Para mais informações sobre o Mês da Filantropia que Transforma, confira a programação completa no site da Rede Comuá: Rede Comuá – Mês da Filantropia 2024. Acompanhe nossas redes sociais para atualizações e mais detalhes sobre a nossa atividade!